Imagem: Montagem sobre foto de Virginia Medeiros com a cantora Jurema Paes
É possível associar o feminino com a água
com a fluidez,sensibilidade, atravessamento, abertura da água
em contraponto com a rigidez, brutalidade, empedramento e aridez do masculino
e se estamos vivendo no mundo uma crise da água
ela tem conexões profundas com uma crise de recepção do feminino
Vejo como necessária a recuperação de um novo modo de pensar o potencial humano, como uma potência da fragilidade
Algo que não está associado apenas ao feminino, mas ao humano
seria uma parvoiçe, uma estupidez programada associar a potencia da fragilidade apenas ao feminino, a fragilidade é uma força por onde o mundo pode passar, a fragilidade é como o aparente ser do orvalho
esta potencia da fragilidade está em oposição ao poder da brutalidade, elogio da força bruta, Aética da brutalização que para ser instaurada necessita dominar a natureza, retirar o mundo e até destruí-lo
Quando os homens reconhecerem em si também a potencialidade sensível da fragilidade, começaremos a transformação de paradigmas da destruição em atos criadores de um reconhecimento do mundo e não apenas da projeção de dualismos e estratégias de dominação e submissão, teremos o início de um mundo do dialógico, onde diferenças e alteridades serão reconhecidas como modos de ser do próprio mundo, da própria Terra atuando sinergicamente e em ressonâncias dialógicas
O feminino que foi construído como projeto e projeção de idéias de dominação e submissão ao modo de ser da Aética da brutalidade deve dar lugar a uma construção das próprias mulheres sem margem para estas projeções perversas que são a base de um projeto político totalitário e secularizado que ignora o mundo como ser e como ente, poderá ser implantada no mundo uma ética do cuidar, da devoção, da serenidade ativa. uma ética a partir do feminino.
O Pai também será mãe
a mãe poderá ser reconhecida
não apenas como um anjo do Paraíso,
mas como o caminho para o Paraíso,
a mulher poderá ser reconhecida
como uma materialidade do Sagrado no Mundo
porque desse modo o Mundo se torna ele mesmo Sagrado
Marcelo Ariel