ilustração de Bruna Mitrano, 2014 |
em
toda alteridade, resta um pouco de fim. o outro que não reconheceu o instante seguro
espreme agora o corpo dormente entre os escapes. fomos o velho que espera e
ainda espera quando percebe que nada houve. e no entanto, sob sopros de incensos
dramaticamente doces, as caras amarelas do depois dispensam qualquer desaforo.
sísifos num desgaste eterno – existe algo que te impede de acabar, todas as
quintas. por um milagre de distâncias, por um grito de não, em resposta a,
restará alguém, absorto em paredes brancas, mas ainda assim alguém que não se
encontra ao acaso. amanhã fará dia, pois o recomeço prescinde de guerras e
tufões e pisando em ovos esperamos uma resposta aguda, a minha mão fria nas
suas costas brandas ou nossos discursos pobres
em algum café.
Bruna Mitrano nasceu em 1985, no condado de Marco Sete, dark side do Rio de Janeiro. É mestre em Literatura Portuguesa, professora da rede municipal, campeã de adedanha, filha de Iansã e torcedora do Bangu.