27 de julho de 2015

Do Diário Ontológico III




Para Juliana Frank e Melissa França


Quando nos tornamos ninguém e desejamos exatamente a lembrança do agora onde não possuímos nada e somos possuídos pelo êxtase frágil ' da respiração ' , a vida se materializa como um incessante e lento nascer do Sol do qual não veremos o apogeu

O processo de 'tornar-se ninguém depende da capacidade de lembrança do agora ou de um elogio que precisa ser dirigido para a gratuidade de uma alegria desertamente distraída

Um pensamento que é emanado diretamente da experiência do esquecimento do próprio rosto, do abandono dos espellhos, medusas fracas demais para iluminar nossa ausência,

Este dificil e raro pensamento seria capaz de criar uma tridimensionalidade, um terceiro ser menos viciado em esquemas e capaz de mergulhos incessantes no silêncio fundador de um adensamento da memória deste cristal de gelo dentro da nuvem do não saber




Marcelo Ariel