No livro SETE CONVERSAS COM ADOLFO BIOY CASARES de Fernando Sorrentino, lançado pela Editora Penalux, o diálogo que desde Platão foi elevado a condição de dimensão dialógica foi explorado com humor e sagacidade por Fernando Sorrentino nos livros 'Sete diálogos com Jorge Luis Borges' e ' Sete diálogos com Adolfo Bioy Casares' , este último é o tema de nossa pequena análise. O diálogo cria uma outra temporalidade e é um revelador do Ethos de dois indivíduos, isto fica patente após a leitura das sete conversações de Bioy com Fernando, a tradução de Ana Flores preserva a verve humorístico-dialética das conversas e é justamente nisto que fica visível a leveza do Ethos e em alguns momentos a sábia sombra do Daimon Casariano. Entre os diversos méritos deste livro, está o de nos levar ao questionamento sobre a escassez do diálogo e o esvaziamento da dimensão dialógica em nosso tempo, cada vez mais contaminado pela mera emissão de opiniões e pela confusão entre informação e conhecimento. A dimensão dialógica que seria capaz de iluminar uma paisagem imersa em trevas seria aquilo que é exercitado por Sorrentino e Bioy com elegância, algo que podemos evocar como uma escuta que se duplica dentro do ouvinte, é uma escuta do silêncio do outro e também de sua voz.
Marcelo Ariel