Fotografias e poema de Claudia Roquette-Pinto.
EM ABADIÂNIA
Debaixo de uma catedral de folhas,
sem saber (nem precisar) quem a erguera,
sob a anêmona do vento nas folhas
e o que respira, agora, pela primeira
vez, eu me deito, contemplando as folhas,
a espinha reta de encontro à madeira
dura, encerada, de um banco.
Manhã já alta.
Em meio a tantas folhas
o coração, livre de escolhas, a um só tempo cheio e nulo.
Nada me falta enquanto arfarem as folhas.
Não aqui, nem no futuro.
EM ABADIÂNIA
Debaixo de uma catedral de folhas,
sem saber (nem precisar) quem a erguera,
sob a anêmona do vento nas folhas
e o que respira, agora, pela primeira
vez, eu me deito, contemplando as folhas,
a espinha reta de encontro à madeira
dura, encerada, de um banco.
Manhã já alta.
Em meio a tantas folhas
o coração, livre de escolhas, a um só tempo cheio e nulo.
Nada me falta enquanto arfarem as folhas.
Não aqui, nem no futuro.