O EXERCÍCIO DO ASCO
Falou-me assim, com ar
cínico, depois de ingerir a terceira dose de uísque, sentado no
sofá de três lugares da sala de seu apartamento, 32º andar de um
prédio em Casa Forte.
Não o via desde os
tempos do colégio de jesuítas, quando driblar e chutar eram suas
únicas qualidades, e o desempenho nas matérias escolares, uma
rotina subalterna.
Agora, encontro-me na
sua residência, estranho convidado numa plataforma aérea, que mais
parece o bunker de luxo de algum figurão da Gestapo.
Não fosse o abraço que
me deu na curva da praça, nós dois a fazermos em sentido contrário
o percurso dos obesos, certamente eu não estaria ali, ouvindo o que
me constrange.
– Sirvo? Recuso-me a
aceitar outra dose.
Faço uma pausa e vejo a
paisagem lá fora, recortada de mangues e favelas, vista cotidiana da
horda de lobos enjaulados que alimentam a casta dos predadores da
cidade.
É o que ainda resta de
uma imensa campina e, hoje, jaz entre espigões de concreto: algumas
manchas verdes e uma faixa líquida, de cor suspeita, que restou de
um rio.
Viro-me e diviso a outra
paisagem, a que conforma o pensamento de quem vive dentro de um
aquário, onde nada tem consistência. Na parede, quadros assinados
por artistas da moda. Pinturas sem valor estético combinam com a
mobília sugerida por algum arquiteto. Numa estante defunta, a tela
plana da televisão de n polegadas acomoda o negror da espera.
Faz calor, a brisa
desconversa a tarde.
Mais de 60% de umidade
deixam marcas à altura das axilas e um vago cheiro de desodorante
misturado ao do suor da caminhada, única gota de um esforço físico.
Estranho a citação que
fez de Clausewitz.
Certamente ele
frequentara algum curso de Estado Maior, que era oferecido, num
passado nem tão distante, a alguns paisanos. Era condição para
alguém circular, sem atropelos, nos altos pavimentos da sociedade –
supostamente montados em concreto armado –, indispensável a quem
necessitasse galgar cargos ou ingressar em incertos negócios.
A prepotência não lhe
permite desconfiar de que li muito mais do que aquele tratado sobre
as guerras do tempo de Napoleão. Talvez nem sequer conheça certos
manuais, como os do coronel Trinquier, que opinava serem uma das
piores coisas os erros cometidos pela bondade. Ou mesmo livros de
memórias, como os de Paul Aussaresses, o general francês
grão-mestre da tortura, que comandou o “suicídio” de Larbi Ben
Mehdi, o herói argelino.
A sirene de uma viatura
de polícia emite seu uivo seco e estridente. Ele esvazia o copo com
rispidez e emite uma espécie de grunhido:
– Porra, como era bom
aquele tempo, hein? Enoja-me seu perfil volumoso, o ventre inflado,
as mãos cabeludas, a barba meio branca. E o vozeirão, sobretudo o
vozeirão, capaz de destacá-lo em qualquer roda, de uma sonoridade
entre comentarista de futebol e contador de casos de bar de subúrbio.
Naquele instante
percebi, num recanto da sala, uma pequena tela de vídeo, a
focalizar, em quadradinhos, as várias entradas do prédio.
Penso: as vidas estão
recortadas como num quebra-cabeça, do qual ninguém conhece o
original. Aqui, o político pode ser vizinho do mafioso; o
torturador, amigo do juiz...
E eu?
O que faço, nessa
armadilha, goleiro à espera do pênalti?
Um imenso cão surge
devagar, lambe minhas pernas, cheira o que não deve.
E ele volta, abotoando a
braguilha, displicente, pingos na calça.
De novo, o barulho do
gelo, o jato de uísque 12 anos derramado naquele copo pesado,
envolvido por um guardanapo molhado de suor e água, tão asqueroso
quanto tudo o que é tocado por aquele que foi o mais ágil atacante
do time de futebol de um colégio de jesuítas.
– Me dê um minuto.
Deitado, o cão respira
um respirar de cão.
Ressurge a figura de um
ator de Vau da Sarapalha, texto de Guimarães, a que assisti
encenado por um grupo de teatro da Paraíba. O ator imita um cachorro
numa choça de caipiras mineiros atacados pela malária. E ofega,
desde o início até o final da peça, de uma forma que faria inveja
a qualquer cão.
Aqui o cão é gordo e
não há atores: há simplesmente cachorros...
O cão, o verdadeiro,
olha de soslaio e absorve o primeiro chute do dono.
Ao bater na cesta ao
lado, revistas se esparramam: dão colorido ao mármore pardo do
piso, como a pedra de alguns túmulos chiques do cemitério de La
Recoleta. Certas combinações de cores acendem metáforas: o anjo
salpicado de hera, a soleira carcomida das portas das igrejas, uma
bancada de necrotério.
Fecho os olhos. Através
daquela névoa que recobre as pupilas de quem chora e quer esconder
as lágrimas percebo uma composição abstrata que me faz pensar no
Angelus Novus, de Paul Klee.
Por alguns instantes estou ausente, pensando em Walter Benjamin, o filósofo alemão que se suicidou para fugir aos nazistas, na fronteira da França com a Espanha, numa cidadezinha chamada Portbou. Ele usou uma espécie de parábola para dizer o que pensava sobre a história e a descreveu como o anjo que ele observou num quadro do pintor suíço. Na pintura, o anjo olha fixamente alguma coisa que foi deixada para trás, o passado. Enquanto nós acompanhamos o transcorrer dos acontecimentos, o anjo enxerga apenas a catástrofe e quer despertar os mortos, juntar os pedaços dos escombros, reedificar as ruínas. Mas, de repente, uma tempestade sopra do paraíso e faz com que suas asas se abram com tal força que ele é lançado em direção ao futuro, enquanto os entulhos se amontoam até atingirem o céu. Essa tempestade, para Benjamin, chama-se progresso. Quem venera a tradição permanece imobilizado a contemplar as ruínas, teme a tempestade, mas acaba varrido por ela...
O obeso sai alguns
instantes, vai prender o cão.
Percorro com tédio
aquela sala com todos os seus adereços. Aproveito meu instinto,
apanho rapidamente entre as revistas esparramadas duas folhas de
papel que esvoaçam. Busco verificar o nome completo do destinatário,
desvendar algo que me chega à memória: uma notícia de jornal, um
apito de sirene, um barulho de freio na avenida: um corpo estendido,
perfurado, na mesa fria do necrotério...
– Está dormindo!, ela
disse.
A que eu chamo de ela é
uma mulher que anda pelos trinta, de corpo fornido, certamente
assistida por algum personal trainer. Faz um sorriso de quem
tenta desculpar o eclipse do dono. A garrafa de uísque está pela
metade. O barulho da rua chega através das aberturas das persianas,
como o crescendo de uma moto, uma máquina de cortar grama ou uma
motosserra usada por alguém para serrar árvores humanas. O jeito é
segurar novamente o copo, esconder com os dedos o resto de água,
fingir que engulo nova dose.
– É sempre assim.
Bebe, bebe, depois cai, dormindo.
Diz aquilo com
indiferença. A força do hábito substitui a vergonha.
Sabe que naqueles
momentos é preciso guardar a postura hierática de uma princesa
qualquer, mesmo quando desconfia que o meu olhar incide sobre o
reflexo da luz no seu joelho, ou naquela penugem do braço que se
tinge de dourado. Ou na fenda dos seios, quando se abaixa para
apanhar as revistas. Ou no...
De novo passeio a vista
pelo veludo do divã, o mármore da pia do lavabo à saída do WC
social, o canto da dupla sala e, finalmente, pela pequena TV, na qual
avisto o zelador fazendo gracinhas à babá que passeia um dobermann
negro e uma criança de colo.
– É amigo dele?
– Fomos colegas de
colégio. Era artilheiro do time...
– Puxa! Quanto tempo,
hein? E nunca mais se viram?
– Morei fora, voltei
há alguns anos. Só na semana passada nos avistamos no cooper
da praça.
– Olha! Quando cai na
cama, num fim de tarde como hoje, sexta-feira...
O “nunca mais se
viram?” ressuscita como se tivesse sido arrancado da pequena gaveta
de um armário secreto, entre documentos, passaportes, notícias de
jornal. (Ou um laudo de medicina legal.)
Lembro, de repente, a
frase do início da conversa: “Na guerrilha você ataca, depois
regateia. No meu caso, é o contrário: procuro agradar. Só depois
ataco”. Pergunto-me se a ela também cabe algum papel nesse
estratagema. E se o perigo pode ser, de fato, mais atraente do que
repulsivo, como pretende Clausewitz. Digo que vou embora, faço
menção de sair. Tenta me reter:
– O que é isso? Fica
mais um pouquinho! Daqui a pouco ele acorda...
O claro-escuro da tarde
transmuda a roupagem dos quadros, dá aos vidros e aparatos da sala
aspecto de lantejoulas. Algo pesa como a véspera de um infarto. Não
diria que é simplesmente cansaço esse algo que nos imobiliza,
faz-nos pressentir a hora exata da retirada.
Confiro discretamente o
papel apanhado no chão. O endereço acrescenta ao nome o sobrenome
que eu pressentira. Não há mais razão para permanecer ali. A
vontade pede algum impulso. De que tipo?
(O nobre impulso que
coloca a alma humana acima dos maiores perigos é, de fato, a
ousadia?) Troco amabilidades, digo que a tarde fluiu com rapidez,
peço que transmita as desculpas por tê-lo abandonado em pleno sono,
lembro o cansaço da caminhada, digo que depois telefono.
O Buda da mesa de
repente transforma-se numa pistola com silenciador, as revistas em
bisturis, escalpelos, tesouras afiadas. Há um cheiro de coágulo
dentro da jaula metálica por onde devo fugir.
Na saída do elevador,
cumprimento o porteiro, cujo olhar me traz de volta a uma certa
Humanidade.
De novo, na calçada,
ouço gritos, sirenes, latidos incertos. O semáforo me diz que posso
cruzar a rua. A multidão anoitece aos gritos. Nunca conseguirá
adormecer. Porque anoitece depressa nestes tristes trópicos. Como se
um lençol negro se desfraldasse sobre a cidade. Um lençol que abafa
a memória e a transforma em território dos esquecidos.
Ligo o computador para
rever no YouTube a entrevista do ex-oficial da Marinha argentina
Adolfo Scilingo, estilo executivo, terno bem-posto, o olhar
indiferente a contaminar o écran, a voz pausada de militar
disciplinado. Relata, com naturalidade, a forma de extermínio
utilizada nos denominados vuelos de la muerte: as ordens dos
superiores hierárquicos, as autorizações da Igreja Católica, as
doses de soníferos, o modelo de aeronave utilizado nas operações,
o número exato de pessoas lançadas ao mar. E as doses de uísque ao
chegar a casa, após o dever cumprido.
Ânsia de vômito.
Desligo o computador.
Pego o primeiro livro
que encontro na estante, dou com a frase que me servirá de epígrafe:
“Até mesmo a maldade carece de harmonia”.
Recolho-me ao quarto,
como um sonâmbulo.
§§§§
ENTRE MOSCAS
A mosca cola-se ao vidro
da janela. Ela é o alvo de meu olho, o objeto para onde converge
minha atenção, embora além do vidro se estenda o verde da mata e,
detrás dele, a casa no alto e outros elementos da paisagem: fios,
cercas, monturos. E nos monturos, a lâmina das circunstâncias que
corta nossas vidas: favela sem esgoto ou água encanada, barulho de
martelo a pregar algum segredo ou o homenzinho apregoando macaxeira.
Mosca: ao mesmo tempo
ponto de mira e inseto (insetalvo, alvinseto?) da espécie dos
esquizóforos, assim denominados por terem um sulco frontal a dividir
a cabeça em dois hemisférios. Ela mexe-se, inquieta, alvo móvel a
dar voltas em torno de si mesma. Fosse gente, seria considerada
alguém que dissocia ação e pensamento, no limiar da esquizofrenia.
Mas age assim certamente por ter olhos múltiplos, omatídios,
oitocentos grãos translúcidos, esferas cristalinas, como uma TV
LCD. Levam luz ao cérebro minúsculo e agora permanecem encandeados
pela superfície brilhante do vidro que a detém no interior do
quarto onde procuro descobrir sua estratégia de livramento da prisão
na qual a mantenho.
Ela, a mosca, terá uma
duração de, no máximo, vinte e um dias, seu ciclo vital. Terminado
o movimento dessa peregrinação que também pode ser subentendido
como realidade subjetiva, ficarei sozinho, sem ter com quem partilhar
o fastio, nem mesmo a restrita visão das gotas de chuva sobre as
folhas das árvores próximas ou o reflexo do sol a esmorecer-se
sobre o ocre dos telhados. Quando penso nessas sensações, não as
considero mera percepção ótica de um mundo que nos estrangula, a
mim e à mosca. É como se estivéssemos no interior de uma bolha
invisível, onde contenho meu próprio espaço-tempo.
Quanto à mosca, faço
de tudo para não assustá-la, embora às vezes a perca de vista.
Procuro segui-la atentamente e durante a perseguição me vem sempre
à cabeça o verso do poeta espanhol Antonio Machado:
“(...) vosotras,
moscas vulgares/me evocáis todas las cosas”.
Penso, então, na mosca
que pousava no olho do primeiro morto que vi. O cadáver, estendido
no caixão, mãos postas, rosto escondido com um lenço que de vez em
quando era erguido por um curioso ou um parente próximo. Quando o
morto era descoberto, a mosca voava, voava, e regressava, com
insistência quase raivosa, aos olhos do defunto. “Tão moço!”,
repetiam todos a mesma frase ao afugentarem a mosca no voo que se
limitava ao território de uma camisa de cambraia de linho branca.
Ao evocarem todas as
coisas, lembro também a que me perseguiu na travessia de um trecho
de deserto. Havia sido prevenido de que o instinto de sobrevivência
levaria a mosca a se grudar em algum de nós e a seguir-nos até o
fim da viagem. Instintivamente, ela sabia que, naquelas
circunstâncias, abandonar o hospedeiro significaria a morte.
Descuidei-me e tornei-me seu alvo. Feri-me, de leve, de tanto tentar
livrar-me do assédio e acabei por guardar uma pequena mancha
vermelha, que ainda trago no rosto.
Encontrei-a de novo, a
minha mosca. Começou a saltitar sobre o livro aberto ao lado, em
cima de um pedaço de frase: “to drive home the finality of
death”.
Caminha com passadas
microscópicas, ultrapassa o trecho “by the monotonous buzzing
of the flies?” e depois de roçar meu braço esquerdo aterrissa
finalmente na pequena porção de comida, de cerca de 3 gramas, que
depositei sobre a folha de papel branco, tamanho A4. Assim, estará
abastecida durante a rápida trajetória sobre o nosso reino
particular de cinco metros quadrados: mesa, computador, pequena
estante com cerca de vinte livros e metade de uma resma de papel
reciclável.
Sobre o fundo branco
acompanho seus pequenos gestos nervosos, seus rodopios, riscos no
papel. Mexe as patas, esfrega no pouco de comida o que se poderia
chamar de focinho, mas cujo termo correto é probóscide. Não pode
ingerir sólidos, por isso deposita uma mistura de saliva e suco
gástrico, um ínfimo vômito, naqueles minúsculos resíduos. Uma
digestão externa, que não consigo observar, nem mesmo com óculos.
Se conseguisse examinar melhor, diria o quanto de asco poderia
causar-me. Mas por ser um ato tão microscópico, como tudo o que não
se vê, não me dá nojo. Imagino que assim deve pensar Deus – se é
que Ele existe – sobre todos nós humanos, pequenos insetos
nervosos a se mexerem, sem objetivo nenhum no nosso pequeno bólido
perdido no universo. Deixo-a mais calma, a digerir sua refeição de
final de tarde. Levanto da cadeira, onde fico o dia quase todo a ler
e a buscar entender os teoremas da incompletude de Gödel. Olho-a
como para me despedir e penso de novo:
“(...) vosotras,
moscas vulgares/me evocáis todas las cosas”.
Nenhum poema sobre
moscas igual a esse de Antonio Machado. Nada de “mosca azul, asas
de ouro e granada” daqueles versos do outro Machado, que certamente
detestava negros, complexado, submetido a ataques epilépticos,
orgulhoso de sua farda de academia, dólmã de antigas turquias.
Quanto a mim, prefiro a mosca de verdade: preta, sem metáforas. A
que reina sobre nossa podridão, faz brilhar a ferida. Como a
mosca-varejeira: pequenos ovos-luz, larvas esbranquiçadas sobre a
úlcera na perna do cego da feira, que nos obrigava a correr para
fugir de sua companhia.
Ei-la sobre o papel
imaculado: simples ponto escuro sobre o branco, que tudo pode
significar: sinal enigmático do texto, buraco negro das origens,
fuligem final dos grandes incêndios, caractere original de alguma
tradução de Camilo Pessanha. Aquele de barba toda moscas,
tuberculose e concubinas, no sujo chão da China.
Desligo o
ar-condicionado. Levanto da cadeira, com comichões na perna direita.
Fecho a porta com cuidado. Giro a chave, para que ela não fuja
durante a noite e eu não perca sua companhia, pelo menos durante os
presumíveis 21 dias que ainda lhe restam.
E de repente a escuto,
numa espécie de murmúrio.
Ligo a grande mosca, a
que não se mexe, não volteia no ar. A que mede trinta e seis
polegadas, milhares de grãos translúcidos, esferas cristalinas de
alta definição, que levam a escuridão ao nosso cérebro minúsculo.
E agora encandeiam a noite, na qual, sozinho, confundo-me com ela...
Everardo Norões é cearense da cidade de Crato, 1944. Viveu na França, Argélia, Moçambique e hoje está radicado em Recife, Pernambuco. Poeta e prosador, é autor de Poemas Argelinos (1981); Poemas (2000); Nas entrelinhas do mundo, em co-autoria (2002); Le tigri del Bengala (Itália, 2005). Esses dois contos pertencem a seu livro mais recente, Entre Moscas (Confraria do Vento, 2013), com o qual acaba de ganhar o Prêmio Portugal Telecom 2014, na categoria contos/crônicas.
Everardo Norões é cearense da cidade de Crato, 1944. Viveu na França, Argélia, Moçambique e hoje está radicado em Recife, Pernambuco. Poeta e prosador, é autor de Poemas Argelinos (1981); Poemas (2000); Nas entrelinhas do mundo, em co-autoria (2002); Le tigri del Bengala (Itália, 2005). Esses dois contos pertencem a seu livro mais recente, Entre Moscas (Confraria do Vento, 2013), com o qual acaba de ganhar o Prêmio Portugal Telecom 2014, na categoria contos/crônicas.