Luiz
Roberto Guedes
|fragmentos de um fakebook|
|fragmentos de um fakebook|
Durante
um verão inteiro, ela cintilou como promessa, perspectiva de
Pasárgada, portões de Constantinopla. Passado o carnaval, terminou
só como uma lembrança desagradável.
Descasado
e deprimido, ele saiu da rede social e retirou-se do mundo. Semanas
depois, uma velha amiga, muito perceptiva, lhe perguntou se tinha
visitado recentemente a página de sua ex. Não, não tinha. “Pois,
olha” disse a dama, “do jeito que ela anda toda produzida,
maquiada, penteada, bocão, sorrisão, está tendo um relacionamento
sério... e não é com o vibrador”.
De
repente, a sexy
doll
pulou nua da cama e disse: "Desculpe, mas sou conservadora. Fico
te devendo essa". Num piscar de olhos, já estava vestida quando
abriu a janela e se atirou no espaço. Ele seguiu o voo dela entre os
prédios, impulsionada pelo vento, e aí acordou, um tanto assustado.
Chegou até a abrir a janela para olhar a avenida vazia. Então riu
daquele sonho idiota, porque nunca na vida lhe passou pela cabeça
possuir uma boneca inflável. Ainda mais... falante.
Deitado
no divã, ele formulou finalmente a questão para seu analista: “O
problema, doutor, é que eu nunca ficaria com uma mulher que
estivesse tão desesperada a ponto de aceitar um sujeito como eu”.
<><><><><><><><><><>